DE SALTOS ALTOS...

O medo é mais do que uma simples palavra que nos assusta desde miúdos, é um sentimento, um sentimento do qual ninguém gosta nem de pensar, e tão pouco de sentir...

Ultimamente, e apesar de já não ser criança, é uma palavra que tem pairado muito pela minha cabeça pelos mais diversos motivos, e tem até mexido comigo... eu que sempre me achei bastante corajosa para enfrentar tudo e todos.

Mas hoje ao ler a minha revista favorita apercebi-me que, de facto, uma coisa não tem nada a ver com a outra... havia um artigo que dizia o seguinte:

"A coragem não é ausência do medo, ter coragem é agir apesar do medo. Medo todos nós sentimos, afinal é um instinto natural de segurança, mas não podemos deixar que nos paralise".
Registei a frase e vou tomá-la como um ensinamento, afinal a coragem e o medo são compatíveis, agora tenho que perder o medo e fazer mais uso da minha coragem !!

Hoje estou que nem posso... doem-me os braços, os punhos, a ponta dos dedos, e as articulações dos pés... isto de dançar sevilhanas tem muito que se lhe diga... ah e já me esquecia das costas... ontem foram quase duas horas, sem parar... mas é claro que apesar do "estado" em que me encontro adorei, faz-me falta a dança! Tanto que vou passar a fazê-lo duas vezes por semana, vai-me saber muito bem e dar alguma agitação às minhas manhãs de sábado.

Mas ontem, antes de ir dançar, recebi um presentinho, a minha filhota disse-me: "Mamã já andas no meu coração", isto é como quem diz: já não estou zangada contigo por me teres mandado ontem para cama quando eu não queria ir... E eu respondi-lhe: "Já? Que bom flha...", e abracei-a, é assim, nós somos como "cão e gato", mas é bom que mesmo sendo pequenina ela perceba que para tudo há limites.
Para além do cansaço, hoje sinto-me um bocadinho xoxa, é mesmo o termo... estou cheia de trabalho, e apesar da vontade de o fazer, sinto-me insatisfeita, não com o trabalho mas com tudo em geral, detesto sentir-me assim, e principalmente sentir-me como que de mãos atadas para fazer alguma coisa, porque não sei como inverter essa situação, essa forma de estar...

Pois bem, estava a incomodar-me o vestido, uma compra irreflectida... mas já resolvi o assunto comprando outra "vestimenta", bem gira por sinal, com o decote até ao umbigo (estou a brincar!) mas digamos que me favorece bastante!

Devem estar a pensar: esta miúda é maluca, já basta ser paranóica por sapatos e agora embirrou com um vestido e está a dar-lhe uma importância descabida... mas Sábado é o meu dia, e como tal quero-me sentir o melhor possível comigo... eu gosto de fazer anos, para mim é quase como a passagem de ano, é a minha pasagem de ano, é igualmente uma altura para reflectir no passado e organizar-me para o futuro, é também o início de um novo ciclo... e 33 anos é, segundo muitos, a "idade perfeita", era a idade de Jesus Cristo, e se eu já me sentia bem com 32 (em todos os aspectos) quero sentir-me bem melhor com 33!! Mas para isso acontecer tenho que fazer por isso como em tudo na vida...

Hoje pergunto-me:
Como é que é possível que hajam homens que consigam passar horas a falar de carros?
É que, hoje, e ainda é de manhã, já deito duplos escapes, ponteiras de escape, sistemas de navegação, motorizações, cavalagem, etc pelos cabelos... sim, eu sei, é o meu trabalho e tenho mesmo que escrever (também) sobre estas coisas, mas havendo tantas outras mais interessantes para se falar... até eu já dou por mim a ir na estrada e a olhar para determinados pormenores dos carros que até aqui me eram indiferentes... mas isto é uma fase, pelo menos quero acreditar que sim... quando terminar de fechar a revista desligo a ficha e ligo-a para as telecomunicações ou para os filmes, as minhas outras áreas... até à próxima edição!

Ontem fui vítima de chantagem emocional pela minha pirralha, sim a minha Princesinha... Fomos jantar ao japonês (pois está claro!) e chegámos um pouquinho tarde a casa, como tal estava praticamente na hora da camiinha para ela (21H30), e eu disse-lhe:

"Filhota está na hora da caminha...", e ela lá começou ela na ladaínha dela, e às tantas disse-me o pai: "Ela ainda agora chegou, nem brincou já estás a mandá-la para cama"... mas eu irredutível disse. "São horas", quando fui aconchegar a pequenota ela lança-me um olhar furioso e disse-me: "Já não andas no meu coração", ela estava a quebrar o nosso código, é que ambas costumamos dizer uma á outra "Estás sempre no meu coração"... e eu que nem criança respondi-lhe: "E tu também já não andas no meu coração", saí do quarto e ela deu continuidade à ladaínha... O pai só disse: "Que duas, tal mãe, tal filha..."

Mas o dia ontem não foi dos melhores, não por este episódio mas por outro... comprei um vestido! Um vestido giro, que me fica bem, com intenção de o vestir no próximo sábado, dia do meu aniversário, mas sabem que mais não era nada daquilo que eu queria... e dei por mim a comprar por impulso, simplesmente porque já estava furiosa por não encontrar o que queria, já há algum tempo que não fazia isso... e detesto fazê-lo, e agora não me apetece vesti-lo! Mulheres...

Cansada é como ando... não deixa de ser estranho, eu sei... dado que vim de férias há pouco mais de uma semana... mas assim que aterrei vi-me atolada em trabalho!

Assim sendo, ontem cheguei a casa e não me consegui imaginar a cozinhar (uma das coisas que até me faz relaxar... e que gosto bastante de fazer), e pedi pizza para toda a gente... a minha filhota ficou toda contente, pois claro! Começou por ser uma noite tranquila... depois do jantar em família, pus-me a fazer Legos com a pequenota, fizemos uma casa, um carro, etc... é tão fácil construir coisas a fingir... o mundo das crianças é fantástico!

Tive um resto de noite de miúdas, o meu marido saiu, foi trabalhar, e ficámos nós, as duas, a pôr a conversa em dia, e se ela já tem conversa... são engraçados os “problemas” da minha Princesinha, e tão fácil que é resolvê-los: falar com ela um bocadinho, explicar-lhe as coisas em linguagem infantil e transmitir-lhe segurança para enfrentar o próximo “problema”, e está feito... ela adormece mais tranquila, mas não sem antes me dizer: “Mamã gosto tanto de ti, e és tão bonita!”.
Depois fiquei a olhar para o meu rebento que acabou por adormecer nos meus braços, e que bom que é ficar a olhar para ela... dá-me paz!!

A noite podia ter acabado aqui, e hoje eu diria que tinha sido calma e perfeita, mas não foi assim!